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Okinawa

OKINAWA

 

Okinawa é o nome atual do antigo reino Ryukyu. O arquipélago está localizado ao sul do mar do Japão e é banhado pelo Oceano Pacífico e pelo Mar da China Oriental. A cultura de Okinawa foi influenciada pela China, Coreia, Japão e outros países do sudoeste asiático.

 

Okinawa é uma localidade que sempre teve sua história associada a certo ar de mistério. Sua aparição nos relatos históricos de outros países data o final do século VII e o inicio do século VIII, aparecendo em um livro chinês e em um antigo tratado japonês. Os acontecimentos anteriores a este período permanecem perdidos para sempre.

 

O motivo da carência de um registro próprio sobre a sua história é atribuída a ausência de uma escrita, que somente surgiu no final do século XIII e que não gerou relatos escritos até o século XVIII. Sendo assim, todos os acontecimentos do período inicial do reino Ryukyu estão reduzidos a tradição oral e mitológica, o que dificulta muito o trabalho de investigação.

 

Sabe-se, no entanto, que em 1372, o rei Satto, da região de Chuzan, Ryukyu, estabelece relação tributária com a China, e que neste ano chegam a Ryukyu enviados da dinastia Ming, em 16 ocasiões. É também neste período que se tem o primeiro documento que menciona o Quan-fa(Kenpō chinês) em Ryukyu.

 

Em 1380, o rei de outra região de Ryukyu, chamada Nanzan também estabelece relação com a China e, três anos depois, em 1383, o rei de Hokuzanfaz o mesmo. Desta forma, estes três reinos, Chuzan, Nanzan e Hōkuzan, passam a serem os mais proeminentes do período.

 

Em 1392, ainda sob o reinado do rei Satto, é estabelecida uma zona em Kumemura, Ryukyu, onde foi criada uma comunidade de artesãos e monges chineses provenientes de Fújiàn. Esta comunidade era conhecida como “as 36 famílias”, e foi através dela que as artes marciais, Quan-fa, foram introduzidas na região.

 

No mesmo ano, o rei de Chuzan, Satto, envia um grupo de estudantes para Nanjing, na China, localidade que era considerada o maior centro de estudos da época. Ao regressar da China, estes estudantes passam a ocupar cargos na direção dos assuntos exteriores e fazem uma reforma no exército de Ryukyu.

 

Da China foram importadas novas técnicas de produção, utensílios de ferro, armas, livros, etc... que contribuíam para o crescimento das sociedades de Ryukyu.

 

Em 1404, os primeiros diplomatas chineses, conhecidos como Sapposhi, viajam para Ryukyu. Neste período a China considerava Ryukyu como um feudo próprio e estes diplomatas tinham como função verificar quem eram as pessoas que estavam ascendendo ao trono de Ryukyu, este costume seguiu até o final da era Edo, no século XIX.

 

Até 1406, os conflitos entre os três reinos, Chuzan, Nanzan e Hokuzan eram constantes. Porém, neste período surgiu Hashi, que derrotou o rei de Chuzan e iniciou a unificação do territorial do arquipélago.

 

Em 1416, Hashi derrota também o rei de Hokuzan, finalmente em 1429, o rei de Nanzan, unificando, de fato, Ryukyu. Desta forma, começa a primeira dinastia Sho, que tinha o rei Sho Hashi, do clã Shunten, como soberano. Este rei esteve no trono por 18 anos e teve vários sucessores que viveram por pouco tempo. A dinastia Sho se extinguiu ao longo dos anos.

 

Em 1490, no reinado de Sho Shin, terceiro rei da segunda dinastia Sho, ocorreu a unificação política dos territórios do arquipélago. Os Aji, ou senhores feudais, foram obrigados a residir em Shuri e foi estabelecido um sistema de castas que durou até o início da era Meiji. Neste período surgiu a proibição do uso de armas e, segundo os historiadores, é quando ocorre o maior desenvolvimento das artes marciais nativas em Ryukyu.

 

Em 1599, foi construída em Naha, Ryukyu, uma embaixada chinesa. Período em que autoridades chinesas foram enviadas para o arquipélago.

 

Em 1609, os Shimazu, do clã japonês Satsuma invadiram Ryukyu e impuseram uma série de 15 leis, das quais a segunda delas era a proibição do uso de armas. O rei de Ryukyu passou a pagar tributos também ao Senhor Satsuma. Embora dominada pelo clã japonês, Ryukyu manteve a invasão em segredo, a fim de que a China não descobrisse e não rompesse o fluxo comercial com o arquipélago. Esta situação se prolongou por 270 anos.

 

Em 1644, começou, na China, a dinastia Qing. As relações comerciais com entre a China e Ryukyu continuaram a florescer. Neste período as artes marciais chinesas, Quan-fa, passaram a influenciar muitos mestres de Ryukyu.

 

Em 1683, surgiu na cidade de Tomari um emissário chinês chamado Wanshu (Wang-ji), especialista em Quan-fa, que passou a lecionar no local.

 

Em 1756, o emissário chinês e agregado na delegação do exército da dinastia Ming, também conhecido como Kushanku (Gong Xiang jun), especialista em Shaolin-quan, chegou em Ryukyu e se instalou na cidade de Kumemura, localizada perto da cidade Naha, onde permanece até 1762.

 

Em 1866, a última Delegação Oficial enviada pelo Imperador Chinês, Qing, chegou a Ryukyu.

 

Em 1868, iniciou-se a era Meiji, e todas as artes marciais praticadas no Japão, que até esta data eram chamadas Koryu ("escolas antigas"), passam a ser chamadas de Gendai Budo ("vias marciais modernas").

 

Em 1871, nas ilhas principais do Japão, foi proclamado um edito de dissolução dos destacamentos dos Samurai, chegando ao fim os privilégios desta casta.

 

A influência da restauração Meiji chegou a Ryukyu em 1873, ano em que as relações com a China foram interrompidas e o rei de Okinawa perdeu seu poder, passando a ter o status de governador. A partir deste momento os assuntos de relações exteriores deixam de ser responsabilidade do rei de Ryukyu e passam a ser administrados pelo governo central japonês.

 

Em 1874, houve o envio de uma força de punição japonesa à Taiwan, com o apoio do Reino Unido. O Japão chegou a um acordo com o Manchu Qing, onde o Japão retirava as suas tropas e os Qing concordavam em pagar uma larga indenização, reconhendo a soberania japonesa sobre as ilhas Ryukyu, estas ilhas já prestavam vassalagem há muito tempo à China. Os Qing assinaram um tratado com o Japão onde reconheciam a petição do Japão como “protetor” das ilhas Ryukyu e descrevia o povo de Ryukyu como “pessoas pertencendo ao Japão”.

 

Em 1875, o último embaixador de Ryukyu foi à China para pagar tributo ao imperador chinês. Foi neste período que o Japão assumiu o controle direto sobre o arquipélago.

 

Em 1876, governo Meiji estabeleceu o "Haitorei", ou seja, a Lei da Abolição das Espadas, que proibia o povo japonês, inclusive os antigos membros da extinta classe guerreira, de portar armas em público, a menos que fossem membros das forças armadas ou policiais em serviço.

 

Em 1879, cansado das acusações de Ryukyu contra suas forças militares, o governo japonês dissolveu o governo real de Ryukyu e formalmente anexou o arquipélago ao Japão, mudando inclusive seu nome. Assim, os Ryukyu-han (os clãs feudais de Ryukyu) foram substituídos pela Prefeitura de Okinawa.

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